The best moments of Sonia Guggisberg´s recent production seem to move towards a point of critical movement, which future outcomes do not concern only her trajectory, but also part of a considerable number of artists who, in the last decade, have occupied themselves, in several ways, with the presence of the element or the organic form (either as a utopian, unstabilizing or counter – productive factor) in a wholly post-industrial sociality.
In the case of Guggisberg, the issue was not directly approached from the point of view of the materials. In reality, her preference has been guided towards the use of industrially produced or reprocessed materials such as felt, rubber, plastic and stainless steel tubes; and the work consists in producing, from the specific qualities of each one and the gesture, a certain kind of expressiveness. It so happens then, that through the manipulation of the artist and/or the arrangement of this inert matter, other amorphous bodies are created. Felt tubes and inflable balls are given an energy center wich supplies them with form and life. Lastly, the organic aspect became present in several ways: in the casual and transient aspects of the works in the sensual dimension of their bodies, in the fragility of their structure, in the manifestation of an autonomous interior.
In comparison to the sweetness of the felt and rubber forms (2000) and the works with inflatable balls with stainless steel tubes (2002), the present series of bubbles in transparent plastic, water and aluminum shaft presents itself with certain anguish. As if the weight or the water – the only organic element – were unbearable. Despite still tame, the rigid aluminum structures are not capable, in the best works, of removing the plastic mass from their immobility. A much bigger strength would be necessary to restore the vital energy that now disappears from these organic bodies. The interior aspect, even if still resisting, becomes growingly concentrated, and the organic aspect works, most of all, as an obstacle to any kind of action. The reified nature, deployed of any transforming potency, can be visualized in these sculptures, putting into question the very meaning of their form.
Os melhores momentos da produção recente de Sônia Guggisberg parecem caminhar para um ponto de inflexão crítica, cujo desdobramento futuro não diz respeito apenas à sua trajetória, mas também aquela de uma parcela considerável de artistas que na última década se ocuparam, de modos diversos, com a presença do elemento ou da forma orgânica (seja como fator utópico, desestabilizador ou contraproducente) em plena sociedade pós-industrial.
No caso de Guggisberg, a questão não foi diretamente abordada do ponto de vista dos materiais. Na realidade, sua preferência tem recaído sobre o uso de materiais produzidos ou reprocessados industrialmente como feltro, borracha, plástico e tubos de aço inox; sendo que o trabalho consiste em produzir, as partir das qualidades específicas de cada um e do gesto, uma determinada expressividade. Ocorre então que pela manipulação da artista e/ou arranjo dessa matéria inerte criam-se corpos amorfos. Tubos de feltro e bolas infláveis são dotados de um centro de energia que lhes dá forma e vida. Em última instância, a organicidade se faz presente de várias maneiras: no aspecto casual e transitório dos trabalhos, na dimensão sensual de seus corpos, na fragilidade de sua estruturação, na manifestação de uma interioridade autônoma.
Em comparação a docilidade das formas em feltro e borracha (2000) e dos trabalhos com bolas infláveis com tubos em aço inox (2002), a série atual de bolhas em plástico transparente, água e tubos de alumínio apresenta-se com uma certa angústia. Como se o peso da água – único elemento orgânico – fosse insuportável. Apesar de ainda domesticadas, as estruturas rígidas em alumínio não são capazes, nas melhores obras, de remover a massa de plástico de sua imobilidade. Uma força muito maior seria necessária para restituir a energia vital que agora se esvai desses corpos orgânicos. A interioridade, ainda que resistente, torna-se cada vez mais ensimesmada, e a organicidade funciona, antes de tudo, como entrave a qualquer ação. A natureza reificada, destituída de qualquer potência transformadora, é vislumbrada nessas esculturas, colocando em questão o sentido mesmo de sua forma.