Sonia Guggisberg emergiu na cena artística no final dos anos 80. Na década de 90, participou de importantes exposições como a coletiva “Antarctica Artes com a Folha” e “Heranças Contemporâneas”.
Há alguns anos, quando tive contato com o trabalho de Sonia Guggisberg pela primeira vez, ela pintava telas que depois manipulava, dobrava ou perfurava.
No entanto, os caminhos seguintes escolhidos pela artista começaram lentamente a apontar para uma exploração maior das possibilidades construtivas de materiais industriais que passou a usar. As estruturas criadas pela artista surgiam de um gesto, de um momento em que o material maleável era manipulado e “congelado” temporariamente em uma forma que nascia do sensível e não do racional.
Fui a várias exposições de Sonia nos últimos anos e cada vez que via seus trabalhos e suas escolhas ia percebendo novas questões importantes que, de certa forma, já estavam lá atrás no começo do percurso, porém de forma menos perceptível. Um dado importante é que num certo momento a artista eliminou a utilização do plano e deixou que os trabalhos fossem ganhando volume. Com isso, as dobras cresceram e conseqüentemente a artista passou a incorporar novos materiais que possibilitassem um embate corporal. Sua obra torna- se, então, mais associada ao espaço, ao tempo, à especificidade dos materiais utilizados, à experiência e menos à pintura.
Na exposição na Galeria Baró Senna, em São Paulo, a artista mostra-se em um momento maduro. E fica claro que os movimentos de seu trabalho ao longo dos anos tratam, acima de tudo, da dinâmica da vida, sempre tão imprevisível mas ao mesmo tempo flexível e cheia de possibilidades de reformulação. A escolha da dobra como estrutura dos trabalhos já apontava para este interesse. A efemeridade das estruturas criadas pela artista simbolizam a fragilidade da vida, a sucessão infinita de situações que vão se encaixando e se transformando em novas situações, o risco eterno de se estar vivo, a instabilidade que nos aflige.
Nesta exposição, as bolas infláveis de plástico aceitam a interferência dos tubos de aço inox colocados sobre elas. O peso dos tubos influencia a forma das bolas e nos dá uma sensação espacial de instabilidade. Sentimos que as bolas poderão continuar tendo suas formas modificadas com o passar dos dias, com o movimento interno do ar sendo pressionado pelos tubos de aço. Portanto, no trabalho de Sonia não há a possibilidade do definitivo. Tudo está o tempo todo em movimento, em circulação.
Georgia Lobacheff – Jornalista , mestrado em curadoria pelo Center for Curatorial Studies Bard College, New York,USA.